Graças aos avanços tecnológicos em soluções de Realidade Estendida (XR), já é possível criar e explorar ambientes virtuais gerados por computador como nunca antes. O termo abrange todas tecnologias imersivas, da realidade virtual até a realidade aumentada e mista.
A tecnologia ganhou destaque, especialmente, no universo dos jogos. Mas, no último mês de fevereiro, ela obteve um “boosting”. O Apple Vision Pro chegou ao mercado norte-americano, gerando reações tanto pelo preço (uma bagatela de US$ 3.499, cerca de R$ 17 mil) quanto pela aproximação do público com um dispositivo eletrônico do tipo, que agora se torna um conceito mais palpável para o consumidor.
Mas, apesar da popularização gradual da tecnologia no mercado de entretenimento, os óculos de Realidade Estendida podem e já são utilizados em outras diversas aplicações. As utilizações são possíveis passam pelas áreas da saúde, educacional, mercado automotivo, audiovisual, entre outros.
“Óculos de realidade aumentada já servem para treinamentos de médicos, pilotos, profissionais da área portuária e da indústria da automação. Algum ofício que envolva uma precisão muito grande nos movimentos é um exemplo, ou treinamentos onde não se pode errar. Os óculos de realidade estendida são utilizados para isso”, explica a pesquisadora Marina Martinelli, que atua no Smartness 2030.
O Smartness 2030 é um Centro de Pesquisa e Engenharia (CPE), resultado de uma parceria entre a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp), a Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), a Universidade de São Paulo (USP), a empresa Ericsson e tem como objetivo desenvolver contribuições científicas e tecnológicas para a nova geração de redes de dados móveis 6G até 2030.
Vale lembrar que tais gerações móveis mais modernas, com todas as suas atribuições de conexão mais rápida, segura e estável, são essenciais para que se possa usufruir da Realidade Estendida – tanto agora quanto no futuro. “Elas têm se destacado como catalisadores de transformação, abrindo portas para novas experiências imersivas e interativas”.
No entanto, é claro que tudo isso tem um preço. Um deles diz respeito ao impacto da tecnologia nas redes de telecomunicações. Segundo Martinelli, os óculos de realidade aumentada virtual estendida aumentarão a carga sobre as redes, com reflexo direto em aspectos como consumo energético.
“É uma aplicação que demanda mais energia [por gerar] maior consumo e tráfego de dados”, lembra a pesquisadora, citando necessidade de regulamentação sobre o impacto dessa e de outras tecnologias emergentes sobre os recursos energéticos. “Isso não é só uma coisa da realidade estendida, mas algo do 5G de um modo geral e de todas as aplicações que a rede permite”.
Por outro lado, há aspectos sociais importantes, como o aprimoramento da lei geral de proteção de dados e de recursos de criptografia, afirma Martinelli. “Existe uma necessidade de politização sobre os usos dos algoritmos [dados] pelas empresas associadas a esses processamentos”, destaca.