O advogado Márcio Coutinho, especialista em Direito Eleitoral, aponta que o Novo Código Eleitoral representa uma das mais amplas reformulações normativas da democracia brasileira nas últimas décadas. Para consolidar e simplificar as diversas leis eleitorais vigentes, o novo código unifica regras, moderniza procedimentos e propõe maior segurança jurídica para candidatos, partidos e eleitores.
Novo Código Eleitoral: unificação e padronização das normas
A principal inovação trazida pelo Novo Código Eleitoral é a unificação da legislação. O texto consolida a Lei das Eleições, a Lei dos Partidos Políticos, a Lei da Inelegibilidade e o Código Eleitoral de 1965. Segundo Márcio Coutinho, essa padronização reduz conflitos interpretativos e contribui para uma atuação mais eficaz da Justiça Eleitoral. A simplificação de normas torna o sistema mais compreensível tanto para operadores do direito quanto para os cidadãos comuns.
Ademais, a padronização dos prazos e das regras processuais cria um ambiente mais estável e previsível, o que favorece a transparência e a lisura do pleito. Outra vantagem dessa consolidação normativa é a redução de brechas jurídicas frequentemente exploradas em disputas eleitorais.
Mudanças na propaganda eleitoral e combate à desinformação
O novo código dedica atenção especial à propaganda eleitoral, especialmente no ambiente digital. A regulamentação do uso das redes sociais busca equilibrar a liberdade de expressão com o combate à desinformação, um dos maiores desafios das eleições contemporâneas. De acordo com Márcio Coutinho, o novo texto estabelece critérios mais claros sobre o que configura propaganda irregular, além de ampliar os instrumentos legais para coibir fake news e abusos na internet.
Prestação de contas mais simples e transparente
Outra inovação significativa do Novo Código Eleitoral está na prestação de contas de campanha. O objetivo é reduzir a burocracia sem comprometer a fiscalização. Os candidatos devem utilizar sistemas padronizados de contabilidade, com informações digitalizadas e acessíveis em tempo real. Essa medida visa ampliar o controle social e a transparência no uso de recursos públicos e privados.
Márcio Coutinho frisa que a digitalização e a simplificação da prestação de contas representam um avanço importante para a integridade eleitoral. Com menos formalismos e mais objetividade, a Justiça Eleitoral poderá focar sua atuação em irregularidades substanciais, e não em falhas meramente formais.

Cotas de gênero e incentivo à representatividade
No que diz respeito à representatividade, o novo código reafirma a obrigatoriedade das cotas de gênero e busca ampliar a participação feminina na política. A legislação exige que pelo menos 30% das candidaturas sejam destinadas a mulheres, além de assegurar o mesmo percentual de recursos financeiros e tempo de propaganda eleitoral.
Márcio Coutinho analisa que essa política de incentivo é fundamental para promover a inclusão e a diversidade no cenário político nacional. A expectativa é que, com regras mais bem definidas e mecanismos de fiscalização mais eficientes, haja maior equidade no acesso ao poder legislativo e executivo.
Regras sobre inelegibilidades e fidelidade partidária
Outro ponto relevante do Novo Código Eleitoral envolve as regras de inelegibilidade e fidelidade partidária. O texto busca uniformizar os critérios de inelegibilidade, estabelecendo prazos e causas de forma mais objetiva. Isso reduz incertezas jurídicas e impede que decisões divergentes comprometam a segurança do pleito.
Adicionalmente, a fidelidade partidária é reforçada como elemento essencial para a estabilidade do sistema político. Conforme expõe Márcio Coutinho, o código inibe mudanças arbitrárias de legenda e valoriza o fortalecimento dos partidos como pilares da democracia representativa.
Considerações finais
Com a promulgação do Novo Código Eleitoral, o Brasil dá um passo importante rumo à modernização do sistema democrático. A nova legislação reúne, de forma sistematizada, os principais dispositivos que regem o processo eleitoral, tornando-o mais transparente, justo e eficiente. Ao abordar temas como propaganda digital, prestação de contas, cotas de gênero e fidelidade partidária, o novo código demonstra sensibilidade às transformações sociais e tecnológicas da atualidade.
Márcio Coutinho ressalta que o sucesso da aplicação do Novo Código Eleitoral dependerá, sobretudo, da atuação vigilante da sociedade civil, da responsabilidade dos candidatos e da eficiência das instituições envolvidas no processo. O desafio agora está na implementação prática das normas, garantindo que elas cumpram seu papel de fortalecer a democracia brasileira.
Autor: Friedrich Nill